sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O CAJÚ E UMA LINDA LIÇÃO DE VIDA

O CAJÚ E UMA LINDA LIÇÃO DE VIDA

Um jovem senhor, muito humilde e pobre, comprou uma pequena propriedade próxima à minha. Aparentemente, usou tudo o que tinha para transformar em um alqueire de terra bruta, ou seja, sem nem ao menos uma cerca.
Aos poucos foi transformando o lugar... Colocou cerca... plantou roça de milho... de feijão... horta... Construiu uma casinha simples, sem reboco, e levou sua esposa e filha prá morarem lá.
Várias vezes os vi sentados do lado de fora daquela casinha sem energia elétrica, simplesmente conversando e observando a paisagem. E eu sempre pensava comigo: “Como é simples ser feliz!”
Hoje pela manhã encontrei a jovem senhora com sua filhinha de dois anos caminhando na estrada de chão. Em meio à muita poeira e um sol bem quente deste verão, ia ao lado de sua filha e carregava uma pequena caixa de madeira com abóbora e repolho recém colhidos, e um pequeno embornal a tira-colo . Não era da Victor Hugo, Lui Vuitton ou qualquer outra grife famosa, certamente foi costurado por ela mesma.
Reconhecendo aquele sorriso fácil e sincero, parei e ofereci uma carona, que foi inicialmente recusada alegando que iria para perto. Diante da minha insistência, colocou a sua caixa na carroceria e entrou com sua filha. No trajeto, para ser gentil e simpático, comentei que gostei muito da transformação que fizeram na propriedade e que admirava muito o esforço deles. Ela respondeu dizendo que era tudo muito difícil e que estava exigindo um esforço enorme, sem perder o sorriso de felicidade.
Ao chegar ao local em que interromperíamos aquela conversa de respeito e admiração mútua, antes de sair do carro, ela desceu a filha sorridente do seu colo e vasculhou o seu embornal na procura do que tinha de mais valioso. Retirou de lá uma sacola plástica com alguns cajus e me ofereceu. Inicialmente recusei dizendo que não era necessário, mas fui convencido de que esta era a sua forma de retribuir a minha generosidade.
Confesso que segui o restante do caminho digerindo lentamente este momento maravilhoso que Deus me proporcionou: como um simples caju pode se transformar em uma lição de vida tão linda. E assim fui me emocionando diante da GENEROSIDADE VERDADEIRA. Quantas pessoas já me retribuíram com o que tinham de mais valioso por eu ter-lhes oferecido uma simples migalha do muito que tenho.
Dentre as muitas coisas que aprendi com esta família, além da contada acima, acabei de me dar conta de que não gosto de caju. Mas agora tenho mais forte a certeza de que é possível admirar e respeitar mesmo o que não gostamos. Assim, o cajú será para mim a lembrança da importância da GENEROSIDADE incondicional e espontânea, e da necessidade de agradecer a Deus por estes momentos felizes.

Carangola, 10 de fevereiro de 2011.
Marcos A. C. Oliveira